Sávio quando esteve em Riacho da Cruz
Candidato do PCdoB ao Senado lembra que integra base do presidente e considera “desrespeitoso” governador tentar impor preferência inexistente.
O candidato do PCdoB ao Senado, Sávio Hackradt, considerou "um absurdo" a coligação "Vitória do Povo" (PSB-PT-PTB-PPS), que tem o governador Iberê Ferreira (PSB) como candidato à reeleição, querer "exclusividade" no uso da imagem e voz do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) neste pleito eleitoral.
“O presidente Lula não se coloca e nem é exclusividade de ninguém, de nenhum partido, nem do partido dele, o PT, quanto mais do PSB de Iberê”, declarou Sávio, abrindo a série de entrevistas do Nominuto.com com os candidatos ao Senado.
Para o comunista, “estão querendo impor ao presidente uma preferência que ele não tem, um comprometimento inexistente”. Sávio lembrou que o presidente integra uma aliança nacional que tem lhe dado suporte; uma aliança da qual o PCdoB faz parte.
Por isso, Sávio acredita que os candidatos que estão na base possuem do presidente a solidariedade, o respeito e o apoio. “Querer mudar isso chega a ser desrespeitoso com o presidente Lula [... que] deixou muito claro que [...] não há um palanque exclusivo”, ressaltou.
Na entrevista que concedeu ao Nominuto.com, Sávio Hackradt também prega a renovação política e o fim do revezamento dos mesmos grupos no poder, além de expor como será sua atuação parlamentar, caso seja eleito.
O entrevistado também considerou lastimável a atuação dos atuais senadores potiguares, que, segundo a ONG Transparência Brasil, são os mais improdutivos do país. E, por fim, o candidato ao Senado disse não se incomodar em dividir o apoio da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, com o senador Garibaldi Filho (PMDB).
Confira a íntegra da entrevista com o candidato do PCdoB ao Senado, Sávio Hackradt, e, em seguida, conheça melhor quem é esse político. Acompanhe:
Nominuto.com - Por que o senhor quer ser senador?
Sávio Hackradt - Entendo que é chegada a hora da mudança e eu quero ser um dos instrumentos para essa transformação, para essa renovação. Tenho me preparado para isso, estudando os problemas do nosso estado, do nosso país. O mundo mudou, o Brasil mudou profundamente e só nós, aqui no Rio Grande do Norte, continuamos, na política, como estávamos há 40 anos, sem um mínimo de oxigenação – os mesmos grupos se revezando no poder, ao bel prazer dos seus interesses, ora como aliados amabilíssimos, ora como adversários ferrenhos, mas sempre muito firmes no propósito de não ceder espaços para a renovação política, para quem quer que seja que não faça parte dos seus grupos e não reze pelas suas cartilhas. Eu quero ser o voto da mudança, quero dar a largada no processo de renovação política do nosso estado. É chegada a hora de dar um basta na mesmice. É chegada a hora de dar um basta no atraso que esses mesmos impõem ao povo do Rio Grande do Norte há décadas. Quero chegar ao Senado e ali defender, de forma intransigente, os interesses do Rio Grande do Norte perante toda a federação. E, estejam certos, estou pronto para cumprir, com eficiência e altivez, as competências constitucionais de um senador, seja na fiscalização do poder executivo ou atuando nas ações relativas à política externa, à economia e finanças públicas, ao sistema tributário.
Nominuto.com - Caso o senhor seja eleito, qual será a prioridade no Senado Federal? O que fará para assegurar investimentos em infraestrutura e educação?
SH - Acima de tudo, marcar o exercício do meu mandato por essa postura federativa e suprapartidária, assim como pela defesa sem tréguas dos interesses do nosso estado perante todos os demais estados da federação e perante o governo central. Infelizmente, nós estamos mal na maioria dos indicadores econômicos e sociais. É necessário, portanto, um empenho acima de qualquer expectativa, para que se revertam situações vexatórias que temos enfrentado há décadas, sem que os poderosos de plantão de sempre enfrentem os problemas com seriedade e objetividade. A nossa educação deveria ao menos fazer corar certos políticos que tem se revezado no poder aqui no estado. A saúde pública e a segurança também estão destroçadas. O mundo real está muito longe do mundo bonito mostrado em propagandas eleitorais por aqui. Quanto à luta para assegurar investimentos para o estado – nas mais diversas áreas administrativas –, tenho uma convicção: basta ter a atuação parlamentar federativa e suprapartidária a que me referi há pouco. Ninguém tem o direito de agir segundo seus interesses privados e suas conveniências político-partidárias. Há que se entender e praticar a máxima de que os interesses da coletividade, do estado, obrigatoriamente devem se sobrepor aos interesses de grupos. Ninguém precisa abrir mão de suas convicções políticas; mas todos somos obrigados a entender que o caminho do desenvolvimento passa pela priorização do interesse da coletividade. No Senado, não tenho dúvidas, estarei pronto para atender e lutar pelo que possa transformar o nosso Rio Grande do Norte, independente de qualquer viés político-eleitoral. A gente precisa acabar com essa história, comum entre os nossos políticos tradicionais, de gastar 200 para impedir que o vizinho ganhe 20. E sabe quem pode resolver isso? O eleitor, com o seu voto, punindo os maus políticos e promovendo mudanças no quadro representativo do estado.
Nominuto.com - Qual a avaliação que o senhor faz da atuação parlamentar dos senadores Rosalba Ciarlini (DEM), José Agripino Maia (DEM) e Garibaldi Alves Filho (PMDB)? Eles buscaram no Senado as melhorias que o Rio Grande do Norte precisa?
SH - Veja bem, a nossa bancada está longe de ser boa, de, de fato, nos representar como deveria, como é sua obrigação. E não sou eu que estou dizendo isso. A ONG Transparência Brasil, uma das mais respeitadas instituições do país ao fazer acompanhamento e avaliação dos nossos representantes em todos os níveis, publicou em seu portal, este ano, um estudo mostrando que a bancada do Rio Grande do Norte no Senado é a mais improdutiva de todo o país. Segundo estudo publicado, os nossos três senadores, entre 2003 e 2009, apresentaram apenas 17 projetos, e nenhum, veja bem, nenhum deles foi aprovado. A bancada recebeu, para nossa vergonha, nota zero. É lastimável. Ainda mais se vemos que são os mesmos que se revezam no poder há anos – como eu disse, ora como aliados, ora como adversários, enquanto o nosso estado vive uma situação de penúria, de vexame.
Nominuto.com - O que o senhor pensa da ação da coligação “Vitória do Povo”, que tem o governador Iberê Ferreira (PSB) como candidato à reeleição, que quer "exclusividade" no uso da imagem e voz do presidente Lula (PT)?
SH - Um absurdo. O presidente Lula não se coloca e nem é exclusividade de ninguém, de nenhum partido, nem do partido dele, o PT, quanto mais do PSB de Iberê. O presidente integra uma aliança, goste ou não o governador, que tem lhe dado suporte há muito tempo, e não apenas nesta eleição. Ele próprio tem feito questão de deixar claro que a sua base é o arco da aliança nacional e não as alianças regionais, montadas para esta eleição. Os candidatos dos partidos que integram a sua base em Brasília, estejam juntos ou sejam adversários, têm do presidente a solidariedade, o respeito e o apoio. Querer mudar isso chega a ser desrespeitoso com o presidente Lula. Quando veio ao Rio Grande do Norte, Lula deixou muito claro que, aqui, como de resto tem feito em todo o país, não há um palanque exclusivo, um escolhido entre os diferentes candidatos que surgiram . Ele fez questão de prestigiar a mim e a Carlos Eduardo, num comportamento que mostra o quanto ações como essa não contam com a sua simpatia e acolhimento. Estão querendo impor ao presidente uma preferência que ele não tem, um comprometimento inexistente.
Nominuto.com - A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, quando veio ao RN pediu voto para quatro candidatos ao Senado - o senhor, Hugo Manso (PT), Wilma de Faria (PSB) e Garibaldi Alves Filho (PMDB). O senhor se sentiu incomodado em dividir o mesmo palanque com o senador Garibaldi Alves? E qual será o segundo voto de Sávio para o Senado?
SH - Como eu disse, existe uma aliança nacional que se sobrepõe às alianças regionais e, quem não for capaz de entender isso, estará completamente fora do eixo e fadado ao erro político. Eu não tenho porque me incomodar com isso. Pelo contrário, este tipo de ato mostra amadurecimento político em nome de um projeto que é caro à nação, como é a eleição de Dilma e a consequente garantia de continuaremos avançando. Nós, da coligação Coragem pra Mudar, fazemos parte da aliança nacional que dá sustentação ao presidente Lula e integramos a coligação da futura presidente, Dilma. Portanto, nós, assim como os demais políticos ali presentes, estávamos lá, no palanque, para prestigiar Dilma, atendendo a uma convocação maior e mais importante. As querelas locais não podem servir de pano de fundo para que se tente embotar um projeto político maior, como o de fazer Dilma presidente para dar continuidade ao formidável governo do presidente Lula. Este é o projeto. Isto é o que interessa. Todo o resto são tentativas de futricas.
Fonte: nominuto.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário