domingo, 21 de fevereiro de 2010

Ministro quer criar bolsa para expulsar filhos de casa

A ideia é de um político italiano, mas e se fosse adotada no Brasil? Aqui, filhos de famílias com boas condições financeiras ficam por mais tempo sob o teto dos pais.


Qual é a idade certa para os filhos deixarem a casa dos pais? Na Itália, um ministro defende a idéia de que o governo deve ajudar os filhos a sair de casa assim que atingirem a maioridade.

O ministro da Administração Pública diz ao Fantástico que gostaria de mudar a sociedade italiana, que, segundo ele, as famílias protegem demais os jovens, dando tudo para eles, inclusive trabalho e casa. Para Renato Brunetta, uma sociedade assim não é uma boa sociedade.

A declaração foi feita depois de um caso clamoroso: o tribunal de Bergamo, no norte da Itália, determinou que um pai separado continuasse a pagar a pensão de alimentos para a filha de 32 anos de idade, que estuda filosofia na universidade há oito anos.

O pai, um artesão de 60 anos, tinha parado de sustentar a filha quando ela fez 29 anos. A moça entrou na Justiça e ganhou a causa, para espanto de muitos e também do ministro Renato Brunetta.

O ministro também chegou a propor que os jovens recebam do estado um incentivo para sair de casa: uma pensão equivalente a R$ 1,3 mil. Mas o governo não recebeu bem esta ideia.

O vice-presidente de uma associação de pais separados diz que, na Itália, os pais são tratados como caixa eletrônico. "Por que os filhos vão sair de casa, se existe alguém que os mantém?", pergunta Antonio Matricardi. Será que os números dão razão a ele?

Em 2003, uma pesquisa do governo italiano ouviu dez mil pessoas entre 18 e 39 anos que moravam com os pais. Quatro anos depois, 79% não tinham saído de casa.

Na Alemanha, 29% dos jovens até 25 anos continuam com os pais. Na mesma situação, na Inglaterra, são 29% dos homens e 18% das mulheres entre 20 e 34 anos.

Nos Estados Unidos, uma outra realidade: por causa da crise econômica, 10% dos adultos entre 18 e 34 anos que moravam sozinhos voltaram a viver com os pais no ano passado.

No Brasil, Tadeu Schmidt mostra o que as famílias acham dessa independência forçada. Duas famílias foram ouvidas. Aos 30 anos, a atriz Gisele Machado quer sair de casa, mas não tem condições financeiras: “Eu sinto falta de ser responsável, entendeu? De ter esse compromisso, de falar assim: eu tenho que pagar a minha conta”.

Mas o pai diz que Gisele pode ir ficando. A mãe deseja que a filha saia de casa em dois anos, a filha retruca e estabelece um ano, já o pai diz que o prazo ideal seria de oito anos ou mais

“Muitas vezes, também, a família fica confortável com aquele filho. Aquele filho preenche um certo vazio. Traz os amigos, ele alegra o ambiente. Tem, também, uma contrapartida da família. Não é só uma opção individual ficar em casa”, conta a psicóloga Andrea Seixas Magalhães, da PUC-Rio.

O bancário Thiago Rocha, de 32 anos, também conta com o apoio da família. “Bom, eu adoro ficar com ele aqui juntinho de mim. Mas, se ele tiver que resolver a vida dele, vou visitá-lo toda semana, todo dia. Vou telefonar todo dia”, conta a mãe de Tiago.

Mas e se o Tiago recebesse uma pensão do governo para sair de casa? O pai diz que seria ótimo.
“É, um incentivo é sempre bom”, diz Thiago.

“Eu acredito que continuava a mesma coisa. Ia passar segunda, terça, quarta, quinta e sexta lá, e sábado e domingo viria para casa para pegar a xepa”, diz o pai, o aposentado Haroldo Rocha.

No Brasil, filhos de famílias com boa condição financeira - com renda acima de R$ 9 mil, aproveitam a situação para ficar em casa. Na faixa etária de 25 a 29 anos, 62% continuam morando com os pais. Na faixa de 30 a 34 anos, são 30%. E de 35 a 39 anos, 15%.

E o que o povo pensa disso? Será que concorda com a ideia do ministro italiano?

“O meu saiu com 14 anos. Eu achei que foi muito cedo, mas foi muito bom. Ele saiu para estudar. Se formou e não voltou mais”, conta uma senhora.

“Depois que tiver se sustentando”, diz um homem.

“Acho que 18 anos ou 19 anos. A idade é o que menos importa. O que importa é a confiança, a educação que ele teve. Ela (a acompanhante), por exemplo, saiu de casa muito cedo”, exemplifica um rapaz. E a garota explica:

“Bom, eu não sou brasileira. Eu sou da Alemanha, onde você sai da casa quando você vai para a faculdade. Então, com 19 anos sai da casa para morar sozinho”.

A opinião dos telespectadores que participaram da pesquisa instantânea é ..... das pessoas que ligaram acham que os filhos devem deixar a casa dos pais assim que atingirem a maioridade.

Fonte: http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1499455-15605,00.html Acesso em 21/02/2010 às 21:20h

Churrasco do PCdoB de Riacho da Cruz





































sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Descaso ao servidor municipal

Em recente conversa com um jovem servente de pedreiro daqui de Riacho da Cruz-RN, descobri um descaso às pessoas prestadoras de serviços da Prefeitura Municipal dessa cidade. Esse jovem, falava-me indignadamente sobre o que recebia ao trabalhar para a Prefeitura de Riacho e o que recabia ao trabalhar para a sofrida população riachocruzense... Dizia-ma que a prefeitura lhe paga R$ 12,50 pela diária de serviço, enquando o preço espabelecido pela categoria é R% 17,00. Ou seja, qualquer pessa em Riacho da Cruz paga R$ 17,00 pela diária do servente de pedreiro, enquanto a prefeitura paga apenas R$ 12,50.
O descaso não se limita a isso. O pedreiro normalmente recebe R$ 35,00. Qualquer cidadão de Riacho da Cruz paga esse preço pela diária do pedreiro. A prefeitura, porém, paga simplesmente R$ 25,00.
Que irônia: quem menos tem, o povo da cidade, que espera o fim do mês para quitar suas contas, que recebem pouco, mas conseguem, ainda, pagar honesta e dignamente o preço estabelecido pelos profissionais de pedreiros e serventes. A prefeitura, porém, consegue ser mais ousada e paga somente uma quantia quase simbólica. Como os trabalhadores precisam trabalhar para manter suas famílias se submetem a esse tipo de descaso.


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

José Agripino - exterminador do futuro

Em 1994 – Lavoisier Maia era senador e, um forte candidato à reeleição, fazendo parte de uma chapa fortíssima denominada de Unidade Popular: Garibaldi, governador; Geraldo Melo e Lavoisier Maia para o senado. Zé Agripino, na época era governador, se descompatibilizando para ser candidato ao senado, mas corria o risco de não ser eleito, ia pegar um páreo duríssimo, aí ele conseguiu uma façanha, convenceu Lavoisier a desistir da disputa ao senado.
Lavoisier muda de lado e sai candidato a governador contra Garibaldi. Resultado, Zé Agripino se elege senador tendo como concorrente Francisco Urbano. Em uma eleição apertada, Agripino ganhou por apenas 20 mil votos de maioria. Urbano era desconhecido da grande massa, mesmo assim Zé Agripino teve dificuldades em se eleger. Lavoisier perdeu a eleição para o governo do estado, ficando sem mandato, nunca mais se aprumou politicamente.

Em 1996 – A vez foi de Geraldo Melo. Geraldo foi eleito senador junto com Garibaldi (1994), na eleição seguinte (1998), Agripino acenou com a possibilidade de Geraldo ser o seu candidato ao governo do estado. Geraldo foi mordido pela mosca azul, rompeu com Garibaldi e com o esquema que o elegeu, passou a ser correligionário de Agripino. Na hora da onça beber água, Zé Agripino disse a Geraldo que as suas bases não aceitavam o seu nome como candidato ao governo, só o dele (Agripino) unia o PFL. Foi uma agonia, um deus nos acuda, mas não teve jeito Geraldo foi preterido e, de certa forma, humilhado.

Depois de muita conversa foi formada a chapa: Agripino/Ednólia – governador e vice e Cipriano Correia para o senado. No dia seguinte trocaram o nome de Cipriano por Carlos Alberto de Souza e Cipriano passou a ser o primeiro suplente. Depois aconteceu o pior, na hora das convenções, na época a prefeita de Natal, Vilma Maria de Faria exigiu o lugar de vice-governador para o PSB. Zé Agripino concordou, retirou o nome de Dona Ednólia da chapa e colocou no seu lugar o de Gileno Guanabara. Geraldo Melo teve que engoli essa humilhação política, mesmo assim Geraldo apoiou Agripino. Depois dessa aliança nunca mais Geraldo conseguiu se aprumar na vida política do nosso estado.

Em 2002 o escolhido para ser eliminado do tabuleiro político do Rio Grande do Norte, foi Fernando Bezerra. Senador eleito ao lado de Garibaldi em 1998, ele costurava e Garibaldi dava o nó. Fernando rompeu com Garibaldi. Ouvindo o canto da sereia, aceitou o convite de Agripino para ser candidato ao governo tendo como vice Carlos Augusto Rosado.

Agripino se reelegeu senador e Fernando perdeu a disputa para o governo do estado, ficou em terceiro lugar. Na eleição seguinte (2006), buscando a reeleição, Fernando foi derrotado por Rosalba, candidata de Agripino ao senado federal.

Em 2006 a vitima foi o senador Garibaldi Alves. Garibaldi nunca tinha perdido uma eleição, era considerado um nome imbatível, um dos poucos políticos do RN que não perdia uma eleição, mas, juntou-se a Agripino e, pela primeira vez perdeu uma eleição. Vale salientar que no início do processo eleitoral Garibaldi tinha mais de 60% das intenções de voto. Zé, nem candidato tinha, estava politicamente em uma situação muito difícil, mas conseguiu atrair os Alves, tirou Geraldo Melo da chapa do senado, colocou Rosalba como candidata e ainda indicou o nome de Ney Lopes como vice na chapa de Garibaldi para o governo do estado, com isso facilitando a vida do seu filho, Felipe Maia, candidato a câmara federal.

Resultado, pela primeira vez Garibaldi perdeu uma eleição, que inicialmente estava ganhar. Hoje, Zé Agripino é um dos seus concorrentes mais forte e, vai disputar uma vaga para o senado com Garibaldi sem o medo de está disputando com um candidato considerado imbatível. Esses fatos são os argumentos que justificam a denominação dada ao senador Zé Agripino de o exterminador do futuro.

Portanto – Lavoisier Maia, Geraldo Melo, Fernando Bezerra e Garibaldi Alves, todos, foram vítimas de Zé Agripino, o exterminador do futuro.

Antonio Capistrano foi reitor da Uern e é filiado ao PCdoB

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Estatísticas das campanhas ao senado no RN


1974

Número de eleitores =

Total de votos apurados =

Abstenção =

Brancos =

Nulos =

Válidos =

Candidatos:

Agenor Maria (MDB) = 212.635

Djalma Marinho (Arena) = 192.048

OBS: Neste ano a segunda vaga de senador foi ocupada por Dinarte Mariz (Arena) como senador biônico




1978

Número de eleitores =

Total de votos apurados =

Abstenção =

Brancos =-

Nulos =

Válidos =

Candidatos:

Jsessé Freire (Arena) = 233.087

Radir Pereira (MDB) = 169.415




1982

Número de eleitores =

Total de votos apurados =748.854

Abstenção =

Nulos =15.713

Brancos =56.450

Válidos =

Candidatos:

Carlos Alberto (PDS) = 304.138

Ulisses Potiguar (PDS) = 77.091

Roberto Furtado (PMDB) = 128.811

Odilon Ribeiro Coutinho (PMDB) = 123.769

Olavo Montenegro (PMDB) = 12.243

Eliziel Barbosa (PT) = 2.950

José Antonio Duda da Rocha (PTB) = 414




1986

Número de eleitores=

Total de votos apurados = 1.026.568

Abstenção =

Brancos =232.429

Nulos =50.427

Válidos =976.141

Candidatos:

José Agripino (PDS) = 426.869 (41.58%)

Lavoisier Maia (PDS) = 408.510 (39.79%)

Zezito Martins (PMDB) = 395.449 (38.52%)

Wanderlei Mariz (PMDB = 393.754 (38.38%)

Miranda Sá (PDT) = 23.764

Moacir Duarte (PDS) = 15.742

Laércio Bezerra (PSB) = 11.046

Maria Nazaré Batista (PT) = 8.968

Damião de França (PT) = 7.123




1990

Número de eleitores = 1.331.039

Total de votos apurados = 1.141.250

Abstenção = 289.789 (14,26%)

Brancos = 420.997

Nulos = 118.530

Válidos = 776.990

Candidatos:

Garibaldi Alves (PMDB) = 404.206 (52,02%)

Carlos Alberto = (PFL) = 329.793

José de Anchieta Ferreira Lopes (PCdoB) = 42.991




1994

Número de eleitores =1.491.112

Total de votos apurados = 1.254.124 (84,11% do total de eleitores)

Abstenção e votos não totalizados = 236.988 (15,89% do total de eleitores) Em virtude de cada eleitor poder votar em 2 candidatos o TRE não apresenta os totais de votos Brancos, Nulos e válidos.

Candidatos:

Geraldo Melo (PSDB) = 441.707 (35,22%)

José Agripino (PFL) = 387.935 (30,93%)

Francisco Urbano (PSDB) = 310.746 (24,72%)

Raimundo Fernandes (PFL) = 218.780 (17,44%)

Salomão Gurgel (PSB) =74.835 (5,96%)

Floriano Bezerra = 61.047 (4,86%)

Jorge Augusto de Castro = 59.789 (4,76%)

Hermano Paiva (PPS) = 38.779 (3,09%)




1998

Número de eleitores = 1.728.975

Total de votos apurados = 1.399.120

Abstenção = 329.355 (19,05%)

Brancos = 228.855

Nulos = 140.661

Válidos = 1.030.104

Candidatos =

Fernando Bezerra (PMDB) = 539.199

Carlos Alberto (PSDB) = 353.415

Hugo Manso (PT) = 122.857

Sonia Maria Godeiro (PSTU) = 14.633




2002

Número de eleitores = 1.917.382

Total de votos apurados = 1.579.867

Abstenção = 337.515

Brancos = 224.374

Nulos = 506.864

Válidos = 2.248.896

Candidatos:

Garibaldi Alves (PMDB) = 714.363 (29,41%)

José Agripino (PFL) = 594.912 (24,49%)

Geraldo Melo (PSDB) = 479.723 (19,75%)

Hugo Manso (PT) = 217.911 (8,97%)

José Marcelo de Souza (PT) = 118.438 (4,87%)

Ismael Wanderlei (PSB) = 68.480 (2,82%)

Mauricio Pereira Dantas (PRP) = 6.697 (0,27%)

Ana Célia Siqueira (PSTU) = 4.684 (0,19%)


2006

Número de eleitores = 2.101.144

Total de votos apurados = 1.789.912

Abstenção = 311.232

Brancos = 111.875

Nulos = 216.255

Válidos = 1.461.772

Candidatos:

Rosalba Ciarlini (DEM) = 645.869 (44,18%)

Fernando Bezerra (PTB) = 634.738 (43,42%)

Geraldo Melo (PSDB) = 155.608 (10,64%)

Joanilson de Paula Rego = 9.021 (0,61%)

Verônica Simone (PSTU) = 6.008 (0,41%)

Luis Augusto Maranhão = 4.603 (0,31%)

Antonio Sotero (PSL) = 4.013 (0,27%)

Edgar Nazareno Caldas (PSTU) = 1.912 (0,13%)

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Ano de eleição no Brasil

A escolha de um político feita pelo povo para governar uma nação é o reflexo mais expressivo da liberdade e da participação direta do cidadão nos rumos de uma país. Isso é fruto da democracia.

Ano de eleição é, antes de tudo, tempo de repensar as consequências de um voto, de participação popular e de conhecer cuidadosamente os projetos políticos de cada candidato.


É ano de avaliar as administrações feitas pelo governo; de olhar atentamente a trajetória política dos candidatos e estar atento, sobretudo, com aqueles que têm um passado político incoerente.


O cidadão, em ano de eleição, é convidado a enxergar além das aparências dos candidatos refletidas nos outdoors, nos muros, nos comícios, na televisão. É preciso usar os olhos da razão e da intuição para poder enxergar o interior de cada um. Ser capaz de descobrir a mentira e os interesses pessoais que estão escondidos atrás da beleza e do sorriso de cada candidato.


Enfim, a democracia em um país só será verdadeira quando a participação e a sabedoria popular superarem a esperteza e a hipocrisia dos candidatos reveladas nos seus discursos vazios e enganadores.

O carnaval chegou

Depois dos festejos de virada-de-ano, o carnaval assume o posto de evento mais esperado pelo povo brasileiro. É chegada a hora de encerrar as férias para muitos e esquecer o inicio dos estudos e trabalhos para outros... Ah, o carnaval... época que, nove meses depois, sempre há uma epidemia de nascimentos em Salvador, Rio de Janeiro e outros centro carnavalescos do país. Sentimentos como tristeza, melancolia e até aquelas brigas com a amda, uma traição... tudo isso dá espaço para muita elegria, folia, bebedeiras, "ficar", tetrmo tão querido pelos jovens conteporâneos... Eis o carnaval: Alguns casais terminam seus telacionamentos sob os argumentos de que a relação está satudara ou que simplesmente precisam ficar um tempinho só, se conhecer melhor para dar continuidade à relação, argumentos tão bem elaborados só para a tolia efêmera do carnaval! Terminado o carnaval, muito voltam. (Deu tempo se conhecer? ou conhecer alguém novo no carnaval?)

Foliões de plantão, amantes da folia e sedentos de muito frevo, axé e demais rítmos desparados no carnaval... descubram a grandeza de serem felizes nesta época de folia, mas com responsabilidade.
vamos brincar, rir bastante, namorar, dançar (para quem sabe!), em fim... carnaval é sinônimo de liberdade: "sou livre", "não sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo me quem bem...", já dizia a canção.

Boas festas, amigos!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Sávio Hackradt, um comunista potiguar rumo ao Senado - 2ª PARTE

Nominuto: Quem é Sávio Hackradt?
Sávio Hackradt: Eu sou natalense, nasci na Rua Trairi, quase na subida do Morro de Mãe Luiza. Morei ali até os 25 anos. Saí de lá quando casei com Dodora Guedes, jornalista e mãe de nossos três filhos. Passei minha infância em Petrópolis. Fiz o primeiro e o segundo ano primário no antigo Colégio 7 de Setembro, que hoje nem existe mais.

Depois fiz o terceiro ano primário no Colégio Marista. De lá saí para a UFRN. Fiz meu primeiro vestibular e passei em Estatística, mas só aguentei três ou quatro meses. No ano seguinte eu fiz Jornalismo, e me formei em 1980. Na UFRN eu me encontro com o PCdoB, através de Glênio Sá [estudante, principal dirigente do partido no RN naqule momento], que tinha acabado de sair da prisão e tinha sofrido muito com a tortura.

Com Glênio, a gente começa a construir o partido. Já na universidade eu fui liderança estudantil, liderei greves, movimentos, passeatas; era plena ditadura naquela época. Então, eu estava na frente dos principais movimentos estudantis da UFRN. Eu já estava na atividade política ali com o PCdoB. O partido era clandestino. A gente passou a atuar nos sindicatos rurais, sindicatos urbanos e fazer política, lutar contra a ditadura, fazer o movimento pela anistia.

Fundamos aqui o Conselho de Direitos Humanos e o Movimento de Mulheres. Tudo isso é da nossa época. Paralelo a isso, já no primeiro ano de faculdade, eu começo a trabalhar no jornalismo na TVU. Depois, no Diário de Natal e, em seguida, sou convidado para a TV Globo Nordeste. Termino meu curso em 1980, mas já em 1978 eu tinha participado da campanha de Radir Pereira ao Senado. Era Radir Pereira (MDB) contra Jessé Freire (Arena), na época da "paz pública".

Em 1982 eu participo já profissionalmente da campanha de Aluízio Alves (PMDB) para o governo contra José Agripino (PDS). Foi a maior derrota da história de Aluízio. Naquela época o voto era vinculado. Fui o primeiro repórter da TV Globo no RN. Aqui só tinha TVU. Canal privado não tinha. Na verdade a implantação da TV privada no RN começa comigo. Depois eu saio e vou para Brasília.

Nominuto: Você foi para Brasília em que ano?
SH: Eu fui morar em Brasília em 1985, que é o ano do início da Nova República. Fui convidado por Aluízio Alves para ser assessor de imprensa no Ministério da Administração do governo Tancredo-Sarney. Quando eu cheguei, Tancredo estava naquela agonia. Sarney assumiu, mas Tancredo ainda estava hospitalizado e só morreu em abril.

Eu vivi um momento fundamental da história política do Brasil. Era a redemocratização do Brasil. Eu estava lá e era a pessoa do ministro. Assisti, presenciei os bastidores, porque aí, como assessor de ministro, a gente circulava dentro dos Ministérios, Palácio do Planalto e Congresso Nacional. Eu convivi muito perto da política nacional, ao lado de um craque da política do RN que era Aluízio Alves. Aprendi muito. Em 1985, vem a primeira eleição direta para prefeito da capital.

Eu vim aqui para ajudar na eleição de Garibaldi contra Wilma. Em 1986, tem eleição direta para governador, já com Geraldo Melo. Eu sou o cara que faço o horário eleitoral de Geraldo Melo, apresentando, fazendo matérias, eu sou o cara que ponho a cara na televisão pelo PMDB. Você veja que a minha vida está sempre ligada à política, desde a universidade. Eu fui também presidente do sindicato, fundei a cooperativa dos jornalistas, sempre tive no meio, sempre disputando voto e ganhando.

Na cooperativa a gente tinha um jornal chamado "Salário Mínimo", que era o único jornal combativo. Todos os outros eram comprometidos. Você tinha a Tribuna do Norte dos Alves, que se não tivesse no governo estaria fazendo oposição. Não tinha jornal independente. Carlos Eduardo Lins e Silva, que virou ombudsman da Folha de São Paulo, foi um dos fundadores do jornal.

Na época ele morava aqui, porque estava ensinando na universidade. Então, o jornal tinha uma combatividade muito grande em Natal. Isso tudo aí, a gente vai caminhando na política. Depois que Geraldo Melo ganha, eu volto para Brasília. Aí vem a Assembleia Nacional Constituinte (ANC), que é o grande momento da vida política nacional. Nós chegamos aqui, mas antes teve a ANC.

Nessa época eu deixei o Ministério da Administração e fui ser repórter da TV Record de São Paulo, que não era da Igreja Universal do Reino de Deus naquela época; era da família Paulo Machado de Carvalho. A TV Cabugi estava começando aqui também. Por isso eu fazia matérias para ela. Então, eu convivi de 1987 até 1988, quando foi promulgada a Constituição, com os maiores ídolos políticos do Brasil todos os dias, todas as semanas.

Eles frequentavam minha casa. Isso me deu uma bagagem de conhecimento político nacional, sobre o funcionamento da Câmara e do Congresso, muito grande. Entre os que frequentavam minha casa, tinha o doutor Ulisses Guimarães, Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso, por exemplo.

Nominuto: Como nasceu a candidatura logo ao Senado e pelo PCdoB?
SH: A política é uma coisa que corre nas minhas veias. Eu tenho prazer em fazer a política. Então, já convivi em todo tipo de campanha. Por que não ao Senado? Antes de perguntar por que ao Senado, é preciso perguntar por que não ao Senado. Você veja o seguinte: o senador José Agripino começou a carreira política dele logo nomeado prefeito de Natal.

Se ele pode isso, por que um cidadão não pode [se candidatar]? Eu, como qualquer outro cidadão, tenho direito. Eu tenho conhecimento da política, conheço a política do Rio Grande do Norte. Apesar de eu ter ido morar fora, profissionalmente, politicamente, eu nunca saí daqui.

Nominuto: Você voltou em que ano para Natal?
SH: Eu voltei agora. Eu nunca saí daqui porque nunca mudei meu título eleitoral. A minha residência eleitoral sempre foi em Natal. A cada dois anos, eu venho e voto ali no colégio Atheneu.

Nominuto: Qual a motivação para encarar essa candidatura?
SH : O Rio Grande do Norte precisa de alguém que desafie o status quo político. O Rio Grande do Norte precisa de um novo caminho na política. Não é possível que somente esses que estão aí há quase 40 anos no poder, se revezando de cadeira, continuem do mesmo jeito. É preciso modificar isso, é preciso alguém ousar.

O PCdoB entendeu que chegou a hora de ousar. O partido me convidou e eu aceitei o desafio, porque a briga é com gente grande. É ótimo enfrentar grandes desafios. A minha vida foi de enfrentar grandes desafios. Por que não enfrentar três ex-governadores? São duas vagas. Eu preciso de um voto, não preciso de dois.

Nominuto: Com relação às vagas, o PCdoB está na base da governadora Wilma e do presidente Lula. Como o partido está discutindo essa questão das alianças?
SH: O partido está acertado com o seguinte: primeira coisa, o partido está alinhado nacionalmente com o projeto do presidente Lula. O nosso campo político é o campo do presidente Lula. Estamos lá dentro desse campo. Descendo, nós vamos fazer aliança com partidos que estejam nesse campo. Portanto, nós não fazemos aliança com o DEM nem com o PSDB.

As questões locais terão que ser definidas dentro das circunstâncias locais, em cada estado, inclusive no RN. O PCdoB está apresentando a minha candidatura para compor uma das vagas ao Senado. Se nós vamos estar compostos com [a governadora] Wilma de Faria ou não, nesse momento nós não sabemos.

Por exemplo, se o PSB tiver candidato a presidente com [o deputado federal] Ciro Gomes, nós não vamos estar com ele. Vamos estar com [a ministra da Casa Civil] Dilma Rousseff. Então, Wilma vai sair num campo e nós vamos sair em outro aqui.

Nominuto: No arco de alianças da governadora e do PSB, se, por exemplo, entrar outro nome, como o deputado federal João Maia do PR...
SH: Nós não saímos [juntos]. Nós achamos que o campo progressista, popular e democrático do RN tem que ter alguém na disputa majoritária. Não é possível ficar só os conservadores. Nós respeitamos todos eles, João Maia, Iberê, Robinson, todos eles, sem problemas. Agora, nós achamos que esse campo das forças populares e democráticas precisa ter alguém na disputa majoritária.

Nominuto: Se não houver espaço na composição majoritária para as forças de esquerda...
SH: Nós vamos sair. Se o centro do conservadorismo fechar todos os espaços, nós não sairemos juntos. Não é possível isso.

Nominuto: Qual seria a alternativa da esquerda?
SH : Nós vamos apoiar Dilma e o candidato a governador desse campo. [O ex-prefeito de Natal] Carlos Eduardo (PDT) é um dos nomes que está posto. O PCdoB acha que Carlos Eduardo tem que estar nessa discussão majoritária. Ele não pode simplesmente ser descartado.

O vice-governador [Iberê Ferreira de Souza] tem todo o direito de ser o candidato do PSB. Qualquer um que estivesse na cadeira dele seria um candidato. Agora, para se chegar ao governo é preciso conversar sobre isso aí. Para conversar, tem que estar na mesa também a candidatura de Carlos Eduardo.

Nominuto: O senhor não teme o rolo compressor da governadora Wilma de Faria passe por cima e o deixe sozinho nesse pleito rumo ao Senado?
SH: Não, primeiro porque essa é uma decisão do partido aqui e nacionalmente. Nós tivemos uma reunião de mais de três horas, em Brasília, com a direção nacional do partido, onde foi colocada a importância e a prioridade da minha candidatura aqui no Rio Grande do Norte. Isso não é um desejo meu.

Não é o desejo apenas de alguém do PCdoB. É um desejo partidário nacional de que eu seja candidato. Evidente que está na mesa com apoio da direção nacional e estadual. Se alguém não quiser, vai ter que me vetar e dizer por que eu não posso ser candidato.

Nominuto: Em caso de veto à sua candidatura, o senhor disputaria outro cargo?
SH: Não está em nosso horizonte. Nunca discutimos isso.

Nominuto: O senhor acompanha intensamente o cenário político em Brasília e, principalmente, no Congresso Nacional. Qual é o perfil de senador que o parlamento necessita atualmente?
SH: No Senado, criaram essa fantasia de que para ser senador precisava ser governador, precisava ter esse status porque daria mais credibilidade. Então Lula nunca seria presidente. Ele nunca poderia ser candidato.

Se ele foi candidato a presidente da República e não foi governador, por que eu não posso ser senador? O que precisamos é acabar com essas fantasias de que só eles que estão no poder podem ser senadores. Precisamos de um discurso moderno, antenado com o mundo. O mundo mudou e todos têm que ver isso.

Por que o Rio Grande do Norte não vai mudar? Vai permanecer com as mesmas pessoas que estão no poder há quarenta anos? Precisamos de sangue novo, novas ideias conectadas com o mundo, não apenas a questões paroquiais.

Nominuto: Como o marqueteiro Sávio Hackradt pensa em convencer a população sobre essa necessidade de mudança?
SH: Na campanha eu não vou ser o marqueteiro. Vamos ter o marqueteiro (risos). Mas acho que a mudança está posta na sociedade. A população pode até não ter a visão que achamos que temos, pode não ter a elaboração discursiva como a dos políticos, como a minha. Mas a população quer mudar isso que está aí, que está vendo que não está dando certo.

O que é que o Rio Grande do Norte avançou nesses 40 anos, com essa elite? O nosso estado não tem capacidade de investimento. Depende inteiramente de dinheiro dos programas do governo federal e dos empréstimos. Todos os meus adversários passaram por todas as instâncias do governo. É preciso dar um novo caminho. O nosso partido quer dar essa alternativa. É preciso mudar.

Lula foi a mudança para o país, mesmo que muitos não acreditassem. Hoje ele está aí e fez o papel dele. É preciso que tenhamos aqui no estado uma representação fiel da população. Será que a população atualmente se sente representada pelos nossos senadores?

Nominuto: Como o senhor avalia o trabalho desenvolvido pelos senadores José Agripino (DEM) e Garibaldi Filho (PMDB)?
SH - É um trabalho comum aos outros senadores, a mesma coisa. Se retroagirmos aos outros senadores, o que tem de novo?

Nominuto: Garibaldi foi presidente do Senado e Agripino é líder de oposição...
SH: E o que nós avançamos com isso? Houve alguma perspectiva de mudanças? O que Garibaldi fez como presidente do Senado? José Agripino vai completando 24 anos de mandato, mas o que ele faz lá? Oposição raivosa a Lula. É só esse o papel de um senador? Ficar discutindo emendinhas de Orçamento, que não se concretizam, porque todo mundo sabe que é uma ficção?

Nominuto: Qual seria, em sua opinião, o papel de um senador?
SH: Mudar o que está ocorrendo, cobrar que esse Orçamento seja real, impositivo. Ficando desse modo inerte, o que é que se resolve? O Brasil quer um Senado conectado com o mundo. O Senado representa a Federação. Então, as questões do Brasil que precisam ser discutidas não são as questões paroquiais.

O Brasil chegou ao patamar de protagonista das grandes discussões e negociações do mundo. Os nossos senadores precisam estar preparados para isso, discutir o novo mundo que está aí. Se o estado não entrar nisso, vai ficar fora da discussão. Vai ficar preocupado aqui com acordos políticos e "carguinhos".

Nominuto: O senhor não aparece em pesquisas eleitorais e os três principais candidatos, Wilma, Agripino e Garibaldi, disputam entre si a preferência da população neste momento. Como o senhor vai fazer para mudar esse quadro?
SH: Aí eu falo com a experiência das campanhas políticas que já fiz. O processo só começa a se elaborar na cabeça do eleitor a partir de agosto, quando começar a propaganda política na TV. Por enquanto, tem muito "blá, blá, blá". Eu estou chegando agora. Os outros estão aí há quarenta anos, mas não tem nenhum deles seguro. Todos estão com medo da eleição.

Esse processo é lento, é acumulativo, é de convencimento do povo. Vou me apresentar com uma ética, comprometido com os movimentos populares. Vou fazer uma campanha dentro da legislação, sem fugir um milímetro, dentro dos padrões éticos. Vou enfrentar todos no discurso, no campo político. Vamos para o embate. Vou argumentar e contra-argumentar. Eu tenho o que debater.

Querem falar sobre as grandes questões internacionais que o Brasil está inserido? Então vamos debater. Querem debater sobre as questões do Brasil? Vamos debater. Vamos falar sobre como colocar o Rio Grande do Norte no novo caminho que está sendo construído. Ninguém discute isso, mas eu vou cobrar essa discussão.

Nominuto: Como candidato ao Senado antenado com as questões nacionais, o que o senhor espera da eleição presidencial?
SH: A tendência é uma eleição com caráter plebiscitário. As opções são: continuar o projeto do presidente Lula, avançar mais ainda, ou não. É o campo de quem quer continuar contra os que querem fazer diferente. Acho muito cedo para fazer projeções de resultados.

Tudo isso muda muito, é só vermos as eleições no Rio Grande do Norte. Garibaldi, em julho de 2006, tinha mais de 60% dos votos e era o "governador de férias", mas perdeu. Nesse momento não se deve ter preocupação com pesquisas. No quadro nacional o que teremos será isso mesmo, uma disputa plebiscitária.

Nominuto: O trabalho da pré-campanha do PCdoB já começou? Como está essa discussão?
SH - O PCdoB no RN é pequeno, mas bastante aguerrido. Já estamos em contato com as bases para, neste mês, começar a percorrer o estado e trabalhar para conseguirmos formar uma grande aliança com os partidos que estão na mesma linha que a nossa.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Sávio Hackradt, um comunista potiguar rumo ao Senado - APRESENTAÇÃO

"A política é uma coisa que corre nas minhas veias". Hackradt


Sávio Hackradt, um comunista potiguar rumo ao Senado

Pré-candidato ao Senado pelo PCdoB do Rio Grande do Norte, o marqueteiro e jornalista Sávio Hackradt conta, nesta entrevista ao portal Nominuto como iniciou sua militância política, revela um pouco dos bastidores do poder em Brasília - onde viveu na época da redemocratização do país - e comenta o cenário político do estado.

Por Alisson Almeida e Júlio Pinheiro, do portal Nominuto

Hackradt fala com entusiasmo da experiência como jornalista, defende a renovação da política potiguar e avisa que os comunistas não subirão num palanque dominado pelos "conservadores". "Não é possível ficar só os conservadores. O Rio Grande do Norte precisa de um novo caminho na política."
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