sexta-feira, 2 de julho de 2010

Por que perder não é tão normal como vencer?

Seria fácil respondê-la? Pergunta idiota, penso eu. Diante de um Brasil culturalmente apaixonado pelo futebol, minutos depois de assistir à derrota do time brasileiro, é ousadia, realmente, querer dar uma resposta à pergunta acima.
Poderíamos fazer outras perguntas, talvez, mais próximas da gente. Como aprender com a derrota que acabamos de testemunhar, ou melhor, que lição podemos tirar das derrotas que geralmente vivemos? Por que na vida, segundo a nossa lógica, somente eu e o nosso grupo temos privilégios de vitórias? Nos 90 minutos de batalha, que imagem construo do nosso adversário? Pensando bem, que sentimentos de humanização, de compaixão, de amor recíproco… vêm à tona quando loucamente torcemos pela nossa seleção? Estamos nós representando o país quando torcemos pelos 11 jogadores em campo?
Agora, abrindo o ângulo, olhando para o lado concreto, prático do futebol brasileiro. Sei que é difícil dar ordem de prisão ao nosso lado emocional e falar do futebol usando apenas a razão. Mas, tentemos. Na seleção brasileira, quem perde com a derrota do time? Quem são as organizações que estão por trás dos bravos jogadores? Concretamente, quais seriam os benefícios para o País? Qual é máquina que faz funcionar a seleção e os grandes times de futebol do país?
Tá bom, já estou infernizando demais. Saibam, isso também é um desabafo solitário e, indiretamente, um modo de estar em comunhão com o meu país. Afinal, essa é a primeira vez que acompanho os jogos longe dos meus amigos e da minha pátria.
Fico pensando, porém, como Fritjop Capra, grande físico e humanista, interpretaria o sentimento do povo brasileiro, minutos depois do fim do jogo de hoje. Capra, estudando a natureza social do homem, observa alguns valores que, segundo ele, são justificados em si mesmos, como por exemplo, a competicão excludente, o anseio ilimitado do homem pelo poder, pelo ter e tantos outros.
Lembrei dele porque suas teorias nos ajudam a entender o nosso comportamento competitivo e, naturalmente, excludente. Daí, a resposta à pergunta. A competição no homem, segundo Capra, é um valor que se justifica em si mesmo. Como a perda é consequência de um mau resultado no jogo competitivo, naturalmente, os sentimentos que se afloram no homem (torcedor) são de tristeza, raiva, vergonha, etc. Por isso, perder jamais será uma coisa natural no ser humano.

Fonte: Blog de Talvacy Chaves

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