quarta-feira, 17 de março de 2010

2010 terá 8 nanicos na corrida pelo Planalto

Candidatos de siglas pequenas têm papel relevante para definir se haverá ou não 2º turno

Fim da verticalização facilita a vida de partidos desinteressados em fidelidade nas alianças estaduais

Aqui, as entrevistas que o blog fez (listadas em ordem alfabética) com cada um dos nanicos candidatos a presidente:

1 - Américo de Souza (PSL)

2 - José Maria Eymael (PSDC)

3 - Levy Fidelix (PRTB)

4 - Mario de Oliveira (PT do B)

5 - Oscar Silva (PHS)

6 - Rui Costa Pimenta (PCO)

7 - Zé Maria (PSTU)

8 - PSOL (candidato a definir)


Apenas 4 candidatos à Presidência atraem mais a atenção do mundo político –José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT), Ciro Gomes (PSB) e Marina Silva (PV). Só eles têm aparecido nas pesquisas eleitorais. Mas neste ano, pode chegar a 12 o número de postulantes ao Palácio do Planalto. Desses, 8 são os chamados nanicos, candidatos cuja votação fica na redondeza dos 3%, ou menos, dos votos válidos.

A importância dos nanicos é relativa. Tiveram algum protagonismo no passado, mas ficaram fragilizados nos últimos anos por causa da verticalização, um sistema que vigorou em 2002 e em 2006. Tratava-se da regra que obrigava um partido a seguir uma só lógica nas alianças para presidente e nas disputas por governo estaduais. Isso engessava as agremiações políticas. Os nanicos tiveram votações pífias nas últimas disputas. Eis o que o resultado das eleições presidenciais e o desempenho dos candidatos menos expressivos:

Agora, a verticalização acabou. Voltou a valer tudo em termos de alianças eleitorais. Ou seja, um partido pode muito bem lançar um candidato a presidente e ainda assim apoiar o PT ou o PSDB para o governo de um determinado Estado –ou até apoiar tucanos em São Paulo e petistas no Rio de Janeiro, mesmo sendo adversário das duas siglas na eleição presidencial.

Tudo somado, os nanicos podem ter (não se sabe ainda se terão) grande importância na definição da disputa presidencial deste ano. A era de ouro dessa turma foi nos pleitos de 1989 (5,5% dos votos válidos), 1994 (4%) e 1998 (4,3%). Agora, se juntos voltarem a somar algo em torno de 4% a 5% dos votos válidos (o que não é fácil, registre-se) podem embolar a disputa e levar a definição para o segundo turno –contrariando a expectativa de PT e PSDB, que esperam liquidar o assunto no primeiro turno.

Para que os nanicos tenham esse protagonismo é necessário que se repita um fenômeno. Trata-se da aparição de um “super nanico”: o candidato que, apesar de obter baixa votação no cômputo geral, se sobressai na comparação com os demais nanicos. É ele quem puxa a fila do voto de protesto. Em alguns pleitos, o “super nanico” sozinho tem mais votos do que a soma dos demais candidatos pequenos.

Esse papel de “super nanico” já teve o médico Enéas Carneiro (1938-2007) como epítome. Com seu bordão “meu nome é Enéas”, esse candidato e seus pouquíssimos segundos durante a propaganda eleitoral chegou a passar dos 7% dos votos recebidos em 1994 (em 1998, definhou para menos de 3%).

Quem poderá ser o “super nanico” agora, encarnando uma espécie de voto de protesto? Há um lumpensinato eleitoral, cerca de 10%, que nunca está contente com nada. Se esse grupo se encantar por algum dos nanicos deste ano, a eleição pode ter segundo turno.

Não é fácil saber quem poderá ser o novo Enéas. Há tipos exóticos entre os postulantes. Para citar dois, há Levy Fidelix (PRTB), “o homem do aerotrem”, como ele se define, e há também Mario de Oliveira (PT do B), negro, engenheiro e advogado e já apelidado de “o Obama brasileiro”.

Se a história ensina algo, vale lembrar que em 4 das 5 eleições diretas pós-ditadura militar ocorreu o fenômeno do “super nanico”.

Em 1989, o “super nanico” foi Roberto Freire (PCB) com 1,06 % dos votos válidos. Em 1994, foi a vez de Esperidião Amin (PPR), com 2,75% –até porque em 1994, Enéas Carneiro havia já se transformado em um candidato médio, com seus mais de 7%.

Em 1998, Enéas Carneiro voltou para a categoria dos nanicos, com 2,1% dos votos válidos. Puxou a fila da categoria naquele ano.

Em 2002, não houve um “super nanico”. A única explicação foi o advento da verticalização. Adotada pela primeira vez, a regra assustou as siglas pequenas. Enéas nem foi candidato a presidente (concorreu a deputado federal).

Em 2006, mesmo com a verticalização ainda válida, o movimento nanico começou a renascer. Houve então um “super nanico” inusitado, concorrendo por uma sigla de médio porte: Cristovam Buarque (PDT), que obteve 2,65% dos votos válidos.

Em 2010, sem a verticalização, o movimento nanico voltará com força total.

O Brasil tem 27 agremiações políticas registradas no TSE. Em tese, cada uma dessas legendas pode lançar um candidato a presidente. Quanto mais candidatos, mais chances há de a eleição ser decidida apenas no segundo turno –porque a regra é que o presidente é eleito apenas se obtém, pelo menos, 50% mais um dos votos válidos (os votos dados aos candidatos, ou seja, descontando-se os brancos e os nulos).

Nada indica que haverá um recorde de candidatos, como em 1989. Naquele ano, 21 candidatos estiveram habilitados a disputar o Planalto (o apresentador e empresário Silvio Santos seria o 22º, mas sua candidatura foi impugnada). O segundo maior número de candidatos foi em 1998, quando 12 concorreram. Agora, em 2010, é possível que essa marca seja repetida.

Nos posts abaixo, com a colaboração dos repórteres Edemilson Paraná e Piero Locatelli, o que dizem os possíveis candidatos nanicos deste ano de 2010.

Fonte: http://uolpolitica.blog.uol.com.br/arch2010-03-14_2010-03-20.html#2010_03-17_09_02_27-9961110-0

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