Durante participação em sessão da Câmara dos Deputados, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu o reajuste de R$ 545 para o salário mínimo com o argumento de que um valor maior poderia gerar descontrole fiscal das contas públicas e pressionar a inflação. Oposição e centrais sindicais defendem reajuste de ao menos R$ 560.
Para o economista Antonio Corrêa de Lacerda, professor doutor do departamento de Economia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), a avaliação de Mantega está correta, e a tendência do mercado é ver mesmo o aumento do salário mínimo como um elemento que pressiona a inflação. "O mercado tende a avaliar bastante o peso do salário mínimo."
Segundo ele, esse é um motivo importante para o mínimo deste ano não ultrapassar os R$ 545 propostos pelo governo. "O segundo e principal motivo é que existe uma regra que foi acordada. Os R$ 545 estão até um pouco acima. Por coerência, deveria se manter esse critério", afirma.
O professor diz, no entanto, que o governo também deve ser rigoroso nos outros gastos. "É importante manter o mesmo preceito para demais despesas públicas, conter outros gastos."
Ele diz que os sindicatos e as centrais "têm razão" ao reclamarem que os cortes prejudicam os mais pobres, mas considera que é preciso que a sociedade e o governo mudem e enfrentem a nova realidade.
"Estamos vivendo num outro Brasil, que está crescendo e tem tido mais oportunidades. É um desafio não só do governo, mas também dos trabalhadores e da sociedade, criar novos parâmetros. É necessário cumprir as regras do mínimo e ter mais eficiência dos gastos públicos", declara Lacerda.
Para ele, a "qualidade do serviço público é muito ruim, sempre há a sensação de que a despesa pública é ineficiente. Precisamos de um novo paradigma, com melhora qualitativa dos serviços".
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