Cláudia Santa Rosa
A Educação guarda estreita relação com o processo de desenvolvimento de uma nação, seja no âmbito político, econômico ou social. Por meio dela o indivíduo pode superar ignorâncias, se emancipar e torna-se cidadão, sujeito que pensa por si e é capaz de protagonizar a sua própria história, de intervir no meio em que vive.
Logo, somente com o equilíbrio entre Educação e uma política econômica acertada, será possível promover a equidade entre as pessoas, entre as unidades da federação, regiões e até mesmo nações. Disso decorre afirmar que o Brasil não irá muito longe, no seu plano de integrar o seleto grupo dos países desenvolvidos, caso não invista em políticas de estado que garantam a qualidade da escola pública, materializada na consistente formação da sua população.
Conforme estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), divulgado em dezembro de 2010, o Brasil tem mais de 14 milhões de analfabetos, acima dos 15 anos, o equivalente a 9,7% da população nesta faixa etária. Contudo, as diferenças regionais são imensas: no Nordeste 18,7% da população é analfabeta, enquanto na Região Norte cai para 10,6%, Centro-Oeste 8%, Sudeste 5,7% e Sul 5,5%. Verificamos, pois, que, no Nordeste, o analfabetismo entre pessoas acima de 15 anos é por volta de 3,4 vezes maior do que no Sul. No Rio Grande do Norte a situação não é diferente: o analfabetismo absoluto atinge 18,1%, 6º índice mais alto do país, num estado em que a média de anos de estudo é de seis anos e meio, a 7ª mais baixa entre os Estados.
Esses dados expõem, tão somente, uma parte da enorme dívida do país junto à sua população. Na verdade, o problema educacional agiganta-se quando analisados os dados da última edição do Indicador de Alfabetismo Nacional (INAF), do Instituto Paulo Montenegro, instituição vinculada ao IBOPE. O INAF define quatro níveis de alfabetismo: analfabetismo, alfabetismo rudimentar, alfabetismo básico e alfabetismo pleno. Neste quarto nível a pessoa lê, compreende e interpreta textos longos, compara informação contida em diferentes textos, estabelece relações entre as informações, distingue fato de opinião, realiza inferências e sínteses. Consegue, ainda, resolver problemas matemáticos que envolvem sequências de operações, por exemplo, cálculo de proporção ou percentual de desconto e interpreta informação oferecida em gráficos, tabelas e mapas.
O estudo revela que apenas 25% dos brasileiros são plenamente alfabetizados, ou seja, um entre quatro. Destaca, ainda, a ineficiência das nossas escolas e instituições de ensino superior, diante das seguintes estatísticas: ao final do 5º ano do ensino fundamental, minguados 6% dos alunos atingem nível pleno de alfabetização, 15% no 9º ano, 38% no ensino médio e 68% no ensino superior. Este último dado é estarrecedor e evidencia que, ao contrário do esperado, pelo menos 32% dos que concluem o ensino superior ingressam no mercado de trabalho sem que estejam completamente alfabetizados.
Dos 122 países avaliados pela UNESCO, para o mais recente “Relatório de Desenvolvimento Global”, que monitora as metas de qualidade da Educação, o Brasil ocupa o 88º lugar, atrás dos vizinhos Argentina, Chile, Equador e Bolívia. Embora seja um dos que mais aumentou os investimentos em Educação, o país ainda convive com a realidade de mais de 600 mil crianças fora da escola.
Diante do baixo desempenho acadêmico da maioria da população brasileira e das exíguas políticas públicas que oportunizam crescimento pessoal e profissional, não é de causar espanto o cenário de desigualdade social e dependência dos mais empobrecidos às ações do Estado. Nessa realidade estão ancoradas as promessas de ampliação, por exemplo, do “Bolsa Família”, programa de transferência de renda e principal política social compensatória implementada pelo Governo Federal. Convém indagarmos: se é verdade que a Educação carrega um forte potencial transformador, o que temos feito para superar indicadores tão desfavoráveis? É possível um país se sustentar num patamar de crescente desenvolvimento sem educar e formar bem a sua população?
Insistiremos sempre: o problema maior localiza-se na base. É preciso cuidar bem da Educação de base, garantindo a universalização do acesso de todas as crianças à educação infantil, oferecendo-lhes um projeto pedagógico capaz de encaminhá-las no processo de alfabetização e letramento. Oportuno, também, definir o quadro de docentes em atividades nos três primeiros anos do ensino fundamental, tornando-os especialistas para atuarem nessa etapa e, assim sendo, evitar a rotatividade que mina a possibilidade de sedimentar equipes nas escolas. Saber dar aulas e saber alfabetizar crianças são competências diferentes, mas no Brasil são tratadas como se fosse a mesma coisa. Os resultados dessa confusão estão aí, já sabemos quais são.
Logo, somente com o equilíbrio entre Educação e uma política econômica acertada, será possível promover a equidade entre as pessoas, entre as unidades da federação, regiões e até mesmo nações. Disso decorre afirmar que o Brasil não irá muito longe, no seu plano de integrar o seleto grupo dos países desenvolvidos, caso não invista em políticas de estado que garantam a qualidade da escola pública, materializada na consistente formação da sua população.
Conforme estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), divulgado em dezembro de 2010, o Brasil tem mais de 14 milhões de analfabetos, acima dos 15 anos, o equivalente a 9,7% da população nesta faixa etária. Contudo, as diferenças regionais são imensas: no Nordeste 18,7% da população é analfabeta, enquanto na Região Norte cai para 10,6%, Centro-Oeste 8%, Sudeste 5,7% e Sul 5,5%. Verificamos, pois, que, no Nordeste, o analfabetismo entre pessoas acima de 15 anos é por volta de 3,4 vezes maior do que no Sul. No Rio Grande do Norte a situação não é diferente: o analfabetismo absoluto atinge 18,1%, 6º índice mais alto do país, num estado em que a média de anos de estudo é de seis anos e meio, a 7ª mais baixa entre os Estados.
Esses dados expõem, tão somente, uma parte da enorme dívida do país junto à sua população. Na verdade, o problema educacional agiganta-se quando analisados os dados da última edição do Indicador de Alfabetismo Nacional (INAF), do Instituto Paulo Montenegro, instituição vinculada ao IBOPE. O INAF define quatro níveis de alfabetismo: analfabetismo, alfabetismo rudimentar, alfabetismo básico e alfabetismo pleno. Neste quarto nível a pessoa lê, compreende e interpreta textos longos, compara informação contida em diferentes textos, estabelece relações entre as informações, distingue fato de opinião, realiza inferências e sínteses. Consegue, ainda, resolver problemas matemáticos que envolvem sequências de operações, por exemplo, cálculo de proporção ou percentual de desconto e interpreta informação oferecida em gráficos, tabelas e mapas.
O estudo revela que apenas 25% dos brasileiros são plenamente alfabetizados, ou seja, um entre quatro. Destaca, ainda, a ineficiência das nossas escolas e instituições de ensino superior, diante das seguintes estatísticas: ao final do 5º ano do ensino fundamental, minguados 6% dos alunos atingem nível pleno de alfabetização, 15% no 9º ano, 38% no ensino médio e 68% no ensino superior. Este último dado é estarrecedor e evidencia que, ao contrário do esperado, pelo menos 32% dos que concluem o ensino superior ingressam no mercado de trabalho sem que estejam completamente alfabetizados.
Dos 122 países avaliados pela UNESCO, para o mais recente “Relatório de Desenvolvimento Global”, que monitora as metas de qualidade da Educação, o Brasil ocupa o 88º lugar, atrás dos vizinhos Argentina, Chile, Equador e Bolívia. Embora seja um dos que mais aumentou os investimentos em Educação, o país ainda convive com a realidade de mais de 600 mil crianças fora da escola.
Diante do baixo desempenho acadêmico da maioria da população brasileira e das exíguas políticas públicas que oportunizam crescimento pessoal e profissional, não é de causar espanto o cenário de desigualdade social e dependência dos mais empobrecidos às ações do Estado. Nessa realidade estão ancoradas as promessas de ampliação, por exemplo, do “Bolsa Família”, programa de transferência de renda e principal política social compensatória implementada pelo Governo Federal. Convém indagarmos: se é verdade que a Educação carrega um forte potencial transformador, o que temos feito para superar indicadores tão desfavoráveis? É possível um país se sustentar num patamar de crescente desenvolvimento sem educar e formar bem a sua população?
Insistiremos sempre: o problema maior localiza-se na base. É preciso cuidar bem da Educação de base, garantindo a universalização do acesso de todas as crianças à educação infantil, oferecendo-lhes um projeto pedagógico capaz de encaminhá-las no processo de alfabetização e letramento. Oportuno, também, definir o quadro de docentes em atividades nos três primeiros anos do ensino fundamental, tornando-os especialistas para atuarem nessa etapa e, assim sendo, evitar a rotatividade que mina a possibilidade de sedimentar equipes nas escolas. Saber dar aulas e saber alfabetizar crianças são competências diferentes, mas no Brasil são tratadas como se fosse a mesma coisa. Os resultados dessa confusão estão aí, já sabemos quais são.
Além disso, investir no projeto pedagógico da escola, na qualidade da gestão, nas equipes e na valorização dos profissionais é igualmente relevante, tanto quanto melhorar a infraestrutura das escolas e a tecnologia, além de cobrar a co-responsabilização das famílias. Não se admite mais uma escola alheia ao seu entorno e reduzida ao trabalho das salas de aula, por vezes sombrias e pouco atrativas. Espera-se que exista nas escolas o mínimo indispensável: biblioteca, laboratório de ciências, computadores com acesso à internet, oficinas de artes, quadra de esportes, funcionando com o máximo de vigor, sem que sejam tomados como mais ou menos importantes do que as salas de aula. Gestões públicas e escolares que limitem as oportunidades de aprendizagem e a formação integral de seus alunos, dificilmente terão como oferecer uma Educação capaz de contribuir para a emancipação das pessoas e, consequentemente, para o pleno desenvolvimento do país.
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